quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Jeff Koons Versailles

Damien Hirst at the Wallace Collection

O Curador Felipe Scovino em entrevista para ART RIO

Felipe Scovino é professor do Departamento de História da Arte da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Atualmente, é um dos curadores do Rumos Artes Visuais 2011-13. Foi curador, dentre outras, das exposições Arquivo contemporâneo (MAC, Niterói, 2009), O lugar da linha (Paço das Artes, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea, Niterói, 2010) e Entre desejos e utopias (A Gentil Carioca, 2010). A exposição João José: superfícies em expansão, com sua curadoria, está em cartaz no Centro Universitário Maria Antonia (USP) até 23 de outubro. Daqui a 2 semanas, ele abre a sua exposição denominada Pintura Ampliada no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza. Felipe é mais um nome que integra a série “Novos Curadores”, do site da ArtRio.

Como foi o começo do seu trabalho como curador de arte e porque escolheu essa profissão?

Infelizmente, os cursos de formação em curadoria são raríssimos no Brasil, portanto a qualificação do curador se dá muito mais na prática do que na teoria, ou então, o ofício do curador em nosso país se dá atrelado aos cursos de história e crítica da arte que existem tanto na graduação quanto na pós. São esferas distintas, mas que em determinado ponto se interseccionam. Portanto, meu começo se deu quando terminei o mestrado, que tinha um enfoque na obra da Lygia Clark, e graças ao convite da família da artista e da Dan Galeria realizei a minha primeira exposição. Em 2007, terminei o meu doutorado em artes visuais (na UFRJ) e comecei a desenvolver com mais consistência projetos de curadoria e pesquisa, que resultaram nas primeiras exposições (Diálogo concreto, em parceria com Daniela Name, e Arquivo Contemporâneo) e no meu primeiro livro, fruto da bolsa de estímulo à produção crítica concedida pela Funarte em 2008.

Para você que é curador, o quão importante é a realização de uma feira de arte da magnitude da ArtRio? 

Ter a oportunidade de assistir as obras “in loco” e não vê-las, portanto, através do “álbum de figurinhas”, como costumo chamar os livros de arte que reproduzem as imagens das obras, é uma experiência de grande valia. Insisto com os meus alunos que eles devem assistir a todas as exposições que acontecem na cidade, devem ser “ratos de museus”. E, apostando numa continuidade da ArtRio, seria ótimo que ela fizesse parte desse circuito de visibilidade. Esse tipo de evento é muito importante para a formação cultural e artística dos nossos estudantes. E, portanto, a ArtRio é uma chance imperdível de se conhecer uma grande parcela da nossa história da arte ao concentrar dezenas de galerias. Esse talvez seja o grande legado da feira: não apenas ser um espaço de comercialização, mas sem dúvida alguma, de promover o estudo e a pesquisa sobre a recente produção artística.

Pretende ver alguma galeria em especial na ArtRio?

Será muito importante visitar as galerias internacionais e conhecer a sua produção. A feira terá, por exemplo, galerias portuguesas. É muito curioso que apesar de termos laços contínuos e fecundos com aquele país conhecemos tão pouco a sua produção em artes visuais. Bem, muitos cariocas mal conhecem a produção de São Paulo…




Fui aluno do Doutor em Artes Felipe Scovino nos Cursos de Arte Contemporânea e Curadoria e Crítica de Arte, e posso dizer que seus ensinamentos são um convite ao meu aprofundamento cada vez mais no campo da pesquisa como artista e teórico das artes visuais.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Diretamente da ART RIO Entrevista com "novos colecionadores"

Série Novos Colecionadores: Gilberto de Abreu / New Collectors Series: Gilberto de Abreu

30 de agosto | Entrevista / Interview, Sobre a Arte / About Art
Nosso segundo convidado para falar sobre novas coleções de arte é praticamente um militante da arte contemporânea. Dono de um blog super interessante sobre o tema, Gilberto de Abreu, jornalista e consultor de comunicação de 41 anos, utiliza redes sociais como facebook e twitter para tecer suas opiniões, sugerir outros blogs e veículos sobre o tema e dar dicas e curiosidades sobre arte.

Como um típico colecionador, ele é cauteloso na hora da compra e dá prioridade a obras de artistas nacionais que se destacam na atualidade: “O preço conta muito. Querendo ou não, o acesso aos brasileiros ainda é maior que aos estrangeiros. E tem ainda a questão da importação de uma obra de arte internacional, que encarece o custo final, e nos obriga a lidar com trâmites burocráticos inimagináveis se lidarmos com isso dentro da “normalidade”’, conta.

Quais os critérios em que você se baseia para comprar uma obra de arte contemporânea?

Antes de tudo, penso no que a obra – que entendo como o conjunto de trabalhos – representa. Costumo me envolver pela temática do conjunto, pela poética da linguagem e pela solução encontrada pelo artista no desenvolvimento do trabalho em si. Como sempre penso no tempo presente, nunca vislumbrei uma aquisição como investimento futuro.

Fale um pouco da sua coleção.


A maior parte dos trabalhos são em papel (desenhos, gravuras, serigrafias), de artistas como Cildo Meireles, Daniel Senise, Efrain Almeida, Hildebrando de Castro, José Leonilson e Lígia Teixeira. Conhecer a todos pessoalmente é um grande privilégio. E conviver com eles diariamente é algo que não se pode precificar.

O que você destacaria?

É difícil… Cada item da coleção possui uma história, que marca um momento da minha vida. Gosto muito de objetos tridimensionais, e destacaria os produzidos por Anna Bella Geiger, Márcia X, Paulo Roberto Leal e Walton Hoffmann. Este último uma reedição de 2001, a partir de um original de 1973, quando eu tinha apenas três anos de idade. Se tivesse que eleger os que mais admiro, seria injusto com os demais… Um pequeno desenho de Tatiana Grimberg talvez seja o mais emblemático. Foi comprado por impulso, sem a menor dúvida de que merecia tê-lo comigo. Outro que destaco é uma gravura de Efrain Almeida, comigo há quase 20 anos. Ganhei do artista no mesmo dia em que sofri um grave acidente de trânsito. Tê-la até hoje é um gesto de resistência à vida. Outro que amo incondicionalmente é um díptico de Rosana Palazyan, da chamada série das formiguinhas. Não se compara à instalação feita pela artista na parede da casa em que morei, mas é o que ficou dela.

Para você, quais foram as principais mudanças que aconteceram no mercado de arte?

Penso que a arte contemporânea brasileira vem encontrando, desde os anos 2000, grande ressonância mundial. Isso pode ser confirmado se analisarmos a trajetória internacional de nomes como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e Ernesto Neto, citando apenas três. O interesse comercial pela produção de nossos artistas, jovens e consagrados, tem feito com quem muitos produzam especialmente para o mercado internacional. Muito do que se produz sequer é exposto no Brasil, o que gera até um certo desconhecimento sobre a trajetória dos artistas. Parte do que produzem eu conheço apenas dos livros, ou de reproduções que vejo na internet.

Na sua opinião, a internet modificou o cenário das artes?

Eu diria que a circulação de informação pela internet, e a presença dos jovens artistas na grande rede, tem impresso um novo ritmo ao colecionismo de arte. A figura do marchand, determinante para o artista que pretendia viver de arte no Brasil nos anos 90, já não é tão determinante, ainda que eu a considere fundamental para o profissionalização da engrenagem como um todo. Queira ou não, o jovem comprador – colecionador ou não – tem hoje a possibilidade de lidar diretamente com os artistas, evitando assim a figura de “atravessadores”, como os designers de interiores, por exemplo. É inegável que estes têm um papel importante na economia da arte, uma vez que aproximam colecionadores em potencial do circuito comercial. Mas fico pensando: até que ponto seus interesses profissionais vão de encontro às expectativas do consumidor final? Antes de tudo, é importante termos em mente o tipo de relação a se estabelecer com a arte contemporânea. Jamais compraria algo para combinar com o sofá, ou para colocar em cima da cama…

Como você vê a oportunidade de comprar boas obras a preços mais interessantes já que foi autorizado pelo governo que a ArtRio tivesse isenção do ICMS em operações com obras de arte destinadas à Feira?

Toda e qualquer forma de isenção é saudável para o mercado. Encoraja quem quer comprar, e funciona como argumento de venda para quem está no outro lado da operação.

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Entrevista que a ART RIO fez com Daniela Labra

Série Jovens Curadores: Daniela Labra / Young Curators Series: Daniela Labra

03 de setembro | Entrevista / Interview
Daniela Labra é uma jovem curadora e crítica de arte carioca. Ganhou destaque no meio devido aos diversos projetos que desenvolveu em prol da arte, com ênfase na performance. Doutoranda em História e Crítica de Arte pelo PPGAV/EBA-UFRJ, dirigiu o Festival Performance Arte Brasil (MAM/RJ) este ano e criou com a Galeria Vermelho (SP) a mostra de performance arte Verbo, em 2005. Foi curadora de projetos importantes como Performance Presente Futuro Vol I, II e III, Oi Futuro, RJ (2008-2010); Recordações de Uma Paisagem Não Vista, CCBNB Fortaleza e Cariri, (2009); e Investigações Pictóricas, MAC Niterói (2009), entre outros. Além disso, arruma tempo para a filha Anita, mantém o site artesquema e é DJ da festa Phunk!, que acontece durante a ArtRio, dia 10 de setembro no Espaço Acústica.

Como você começou a trabalhar com curadoria?

Descobri esse ofício quando fui fazer uma especialização em Comunicação e Artes em Madrid. Fizgraduação em teoria do Teatro na Uni-Rio e estava mais interessada em trabalhar com artes plásticas do que com teatro. No entanto, eu não queria seguir uma carreira estritamente acadêmica, porque gosto de realizar coisas. E no exercício da curadoria eu descobri uma profissão que alia pesquisa teórica com prática de montagem, realização de mostras e exposições, edição de conteúdo e várias atividades que não se restringem aos livros – embora estudar permanentemente seja um pré-requisito para um curador.

Para quem trabalha com curadoria, qual a importância de finalmente acontecer uma feira internacional de arte no Rio de Janeiro?

A importância se dá no sentido de que uma feira ajuda a enriquecer o meio de artes como um todo, criando maior circulação dos profissionais da área e claro, de obras. Torna o cenário mais dinâmico, interessante, e com isso surgem novas possibilidades de investimento e de trabalho para todos, do moldureiro ao curador, passando pelo dono da pensão. Com relação à cidade, esta também ganha com uma agenda cultural mais diversa.

De que maneira você está envolvida com a feira?

Vou coordenar a montagem de um estande de uma galeria carioca, algo que faço com muito prazer. Gosto muito de “levantar” uma exposição. Como é a primeira edição, estou bem curiosa para ver como a coisa toda irá funcionar. Torço para que se mantenha anual por que tem tudo para dar certo.

Como consegue conciliar o trabalho de curadora e DJ? A música e a arte possuem algo em comum?

O trabalho como DJ hoje em dia é mais eventual do que já foi, infelizmente, por que adoro tocar para pistas animadas, fazer o povo dançar. Por isso toco cativamente na festa Phunk! desde 2004, é ótimo. Se eu não tivesse escolhido as artes visuais acho que teria seguido o caminho da música de algum jeito. Ela está em todas as coisas, assim com a arte.

Entrevista da ART RIO FAIR com a galeria Luciana Caravello


Arte contemporânea carioca / The carioca contemporary art

09 de setembro | Entrevista / Interview

Mais uma representante do Rio de Janeiro na ArtRio, a galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea surgiu como uma contribuição concreta para a consolidação da arte contemporânea no Brasil, amadurecendo, diversificando e profissionalizando este tipo de arte.

Privilegiando artistas jovens em seu grupo, sem deixar de lado os nomes já estabelecidos, a galeria se firmou rapidamente no meio artístico nacional. No conjunto das obras oferecidas há pesquisas visuais desenvolvidas sobre as mais diversas mídias e suportes, que apontam para dois lados complementares: um deles destaca a constância da linguagem adquirida pelo artista maduro na experiência dos anos de trabalho, e o outro traz o frescor da experimentação dos mais novos.

Com uma proposta integradora e nova no Rio de Janeiro, Luciana Caravello Arte Contemporânea se situa em Ipanema, um dos principais bairros da cidade. Possuindo um espaço generoso, objetiva desenvolver ações ligadas às artes e também apresentar projetos especiais de alto design. Conversamos com Luciana, que nos contou mais sobre seu trabalho de galerista.

Em poucas palavras, como você define o conceito/estilo da LCAC?

Acho que o conceito da galeria é o de trabalhar com artistas jovens, mas com algum caminho já percorrido. Trabalho com artistas já consagrados também, mas que ainda sejam “jovens” no seu trabalho. Gosto muito de colocar obras de artistas que acredito em boas coleções.

Qual a importância da galeria para a descoberta de novos artistas?

Acho que a galeria é fundamental para que o artista “exista” no mercado. Somos nós que fazemos a ponte entre eles, os curadores e colecionadores. Então acho que quando se formam, ou já estão prontos para irem ao mercado, o primeiro passo é nos procurar.

O Rio é um celeiro de grandes e novos artistas. O que pensa sobre isso e qual a vantagem da galeria ser “carioca”?

Existe essa história de que os grandes artistas saem do Rio… Acho que é verdade, mas não é fundamental. O acesso a internet, a facilidade de transporte e etc., fez com que isso não fosse mais um fator tão importante. Mas, sem dúvida, o Rio é uma cidade sedutora, é muito bom você ter acesso a uma galeria, no coração de Ipanema, ver uma exposição e depois ir para a praia, andar no calçadão…

Quais obras a galeria trouxe para a ArtRio? Alguma inédita?

Trouxe quase tudo inédito, mas destaco algumas que foram feitas para expor na feira: uma tela do artista Daniel Lannes; uma escultura do Alexandre Mazza; um trabalho chamado Helium do Wagner Malta Tavares, que sai daqui e vai para uma expo chamada VideoBrasil (SP) e vai estar junto com um trabalho do Olafur Eliasson; e uma peça do Felipe Cohen, artista que comecei a trabalhar recentemente, mas que já tem uma trajetória muito boa.

O que está achando da ArtRio e sua importância para o mercado carioca?

Estou muito animada com a feira e achando que vai ser ótima. Acredito e torço que vai ser boa para cariocas, paulistas e estrangeiros. Isso é muito importante para todos nós, se a feira der retorno financeiro e prestígio, é bom pra todo mundo.

PENSAMENTO CRÍTICO NA QUESTÃO SE TODOS SOMOS ARTISTAS ! E COMO FICA ISSO NA EGOSFERA?

Futucamos o you pix e achamos interessante matéria da Rosana Herrman que disponibilizou os slides pra quem quiser ver: sobre as contradições, causas e consequências do ego nas redes sociais. "De onde vem essa necessidade de exaltar nós mesmos?"

Essa questão de certa forma tem muito haver com artistas vaidosos ou não que precisam de alguma forma estar na mídia como celebridades até para sobreviver ao completo ostracismo. Pense nisso e dê seus comentários!

O poder castrador de nossa sociedade não é de ordem sexual, como afirmava Freud, mas sim, espiritual e seu nome é: normose - a patologia da normalidade. Ela impõe a sociedade, uma cultura do sucesso, sendo que o fracasso e o ostracismo são uns dos maiores medos do normótico, que busca por segurança em estados temporários e ilusórios, nos objetos exteriores, em conquistas e sucessos efêmeros não sabendo que a verdadeira segurança é uma condição subjetiva, resultado de uma experiência transpessoal, que se revelará de forma espontânea e natural no momento do despertar da verdadeira consciência. O desastre é eminente para o normótico que faz depender a sua segurança das parafernálias externas e não da paz da vida interna, a qual não depende das circunstâncias da vida externa. 
O normótico vive fazendo investimentos e seguros para sua vida, mas não investe na espiritualidade, sendo esperto por alguns momentos, mas um tolo a longo prazo, pois leva muito tempo para ele constatar que o acúmulo de riquezas, prestígio e poder é apenas uma troca, e não o fim, da sua falta de segurança. Em sua busca insana pela segurança financeira, o normótico perde sua saúde para depois pagar de bom gosto tudo o que conquistou para ter novamente sua saúde física, mental e emocional. Na tentativa de conquistar a "pseudo-segurança" para a sua vida, o normótico esquece de vivê-la e como resultado vive num desespero silencioso, precisando às vezes chegar ao topo da escada do sucesso, para amargamente descobrir que a mesma estava encostada na parede errada.